Arthur Antunes Coimbra, conhecido como Zico, (Rio de Janeiro, RJ, 3 de março
de 1953) é um ex-futebolista brasileiro (tem também a nacionalidade portuguesa) que se notabilizou a partir da conquista da
Taça Libertadores da América e do Campeonato Mundial de Clubes pela equipe carioca do Flamengo, e em suas participações pela
Seleção Brasileira nas Copas de Argentina 1978, Espanha 1982 e México 1986. Foi treinador do Fenerbahçe, da Turquia, e da
seleção japonesa na Copa da Alemanha 2006. É o atual treinador do CSKA Moscou da Rússia.
É considerado por muitos especialistas, profissionais do esporte e, em especial, pelos torcedores
do Flamengo, o maior jogador brasileiro desde Pelé e o maior jogador da história do Flamengo, onde atuou durante a maior parte
de sua carreira, entre 1967 e 1989, com uma interrupção entre 1983 e 1985 período em que esteve na Itália, jogando pela Udinese.
Não são poucos, também, os que o consideram como o melhor jogador de futebol dos anos 80, sendo chamado freqüentemente de
"Pelé Branco".
É o maior artilheiro da história do estádio do Maracanã, com 333 gols em 435 partidas. Marcou 135 gols em
campeonatos brasileiros.
No Flamengo, Zico liderou a conquista de quatro títulos nacionais, em 1980, 1982, 1983, 1987,
da Taça Libertadores da América e do Mundial Interclubes, em 1981, dentre diversos outros títulos, no período chamado de "Era
Zico". Por conta disso, é o maior ídolo da torcida do Flamengo e da história do clube.
No Mundial Interclubes de 1981,
o título mais importante do Flamengo, Zico e todo a equipe tiveram uma exibição primorosa contra o Liverpool, reconhecido
pela imprensa como o "Rei da Europa da década", tendo conquistado, entre 1973 e o jogo contra o Flamengo, cinco Premier League
e três Liga dos Campeões da UEFA. Ao ser indagado sobre o favoritismo dos britânicos, Zico teria dito: "Eles são favoritos
sim, mas para o segundo lugar, o que é até muito honroso".
Foi eleito como o terceiro maior jogador brasileiro do século
XX e o décimo quarto entre todos, segundo a FIFA. É um dos quatro brasileiros a figurar no Hall da fama da FIFA (os outros
são Pelé, Garrincha e Didi). Foi eleito o nono maior jogador do século XX pela revista France football,e o nono Brasileiro
do Século no esporte, segundo pesquisa realizada pela revista IstoÉ. É aclamado como "Deus" no Japão e Rei na Turquia e tem
uma estátua em cada um desses países.Na Italia é chamado de Rei de Udine e de ill messia.
Zico descende de portugueses tanto pelo lado materno como pelo lado paterno. O seu avô materno, Arthur
Ferreira da Costa Silva era de Oliveira de Azeméis e emigrou para o Rio de Janeiro nos últimos anos do século XIX. Estabeleceu-se
com uma fábrica de cerâmica no bairro de Quintino. A mãe de Zico, Matilde Ferreira da Costa Silva (19 de Janeiro de 1919 -
17 de Novembro de 2002), nasceu já no Brasil.
O avô paterno, Fernando Antunes Coimbra, nasceu e viveu a maior parte da
sua vida em Tondela. É aí que nasce José Antunes Coimbra (10 de Junho de 1901 - 12 de Novembro de 1986), que viria ser o pai
do jogador. José Antunes Coimbra, aos 10 anos de idade, juntamente com sua família, emigra para o Brasil. Ainda que tenha
saído de Portugal muito jovem, José sempre guardou uma grande ligação ao seu país de origem. Era, aliás, adepto do Sporting
CP, porquanto seguiu durante grande parte de sua vida os relatos dos jogos de seu clube através da rádio.
Matilde Ferreira
da Costa Silva e José Antunes Coimbra conheceram-se em 1926, José Antunes tinha 25 anos e era motorista na fabrica de cerâmica
do pai de Matilde; esta tinha apenas sete anos de idade. Casaram 17 anos depois, em 1943; ela com 24 anos, ele já com 42.
Do casamento nasceram seis filhos, todos homens: Zezé (falecido em 8 de Janeiro de 1997), Zeca, Nando, Edu e Tunico, e finalmente
Zico.
Zico nasceu na rua Lucinda Barbosa, número 7 em Quintino, às 7h00 de parto natural. O nome Arthur foi escolhido pela
mãe por causa de seu avô (que viria a falecer um ano depois).
Zico conheceu Sandra Carvalho de Sá em 1969, que vem a ser
irmã de Sueli, a esposa de seu irmão Edu. Em 23 de Agosto de 1970, Zico e Sandra começam a namorar e casam-se em 18 de Dezembro
de 1975 na igreja de São José, na Lagoa. Zico e Sandra têm três filhos: Arthur Antunes Coimbra Júnior (nascido a 15 de Outubro
de 1977), Bruno de Sá Coimbra (nascido a 16 de Outubro de 1978) e Thiago de Sá Coimbra (nascido a 6 de Janeiro de 1983).
Zico jogava num pequeno time de futebol de salão formado por amigos e familiares, o Juventude de
Quintino, do bairro de Quintino Bocaiúva, na zona norte do Rio de Janeiro. Além do Juventude, ele passou a praticar o esporte
conhecido hoje como futsal no Ríver Futebol Clube, tradicional clube da Piedade, onde um dos professores era Joaquim Pedro
da Luz Filho, Seu Quinzinho. No Ríver, seu futebol ainda menino chamou a atenção. Mas seu primeiro clube de futebol de campo
foi o Flamengo, para onde se transferiu aos catorze anos de idade, quando em 1967 o radialista Celso García, amigo da família,
assistiu uma partida de Zico em um torneio no River Futebol Clube, onde jogava com a camisa do Santos, e o levou para a escolinha
de futebol do clube. Zico só estreou no time principal em 1971, em uma partida contra o Vasco da Gama, cujo placar terminou
2 a 1 para o time rubro-negro. Zico só foi se firmar como titular na equipe em 1974, depois de passar por uma intensa preparação
física, devido ao corpo antes franzino. E devido ao seu franzino corpo de início de carreira e de seu bairro de origem (Quintino)
ganhou o carinhoso apelido de "Galinho de Quintino".
Atuou pelo Brasil de 1976 a 1986, tendo marcado 66 gols em 89 partidas e perdido uma única partida
no tempo normal de jogo, contra a Itália, no estádio do Sarriá, na Copa da Espanha, em 1982. Participou das Copas do Mundo
de 1978, 1982 e 1986. Sua estréia na Seleção ocorreu numa excursão no qual o Brasil enfrentou países sul-americanos. Fez belos
gols de falta e assumiu a condição de maior esperança do Brasil após o término da carreira de Pelé. Sua participação na Copa
de 1978, contudo, foi curta, tendo sido encerrada logo na primeira fase após sofrer uma grave contusão muscular, contra a
Polônia.
Seu auge foi na Copa de 1982, mas acabou vendo frustada mais uma vez a sua vontade de ganhar uma Copa, quando
o Brasil foi eliminado pela Itália. Marcado de perto pelo zagueiro Claudio Gentile, o Galinho chegou a ter sua camisa rasgada
em um puxão dado pelo italiano dentro da grande área, mas o árbitro incrivelmente ignorou o lance e não marcou pênalti.
Na
sua última chance de ser campeão de uma copa como jogador, em 1986, Zico acabou sendo responsabilizado pela desclassificação
de sua equipe diante da França, nas quartas-de-final do torneio. Na sua segunda partida na Copa, Zico fez um lançamento preciso
e milimétrico para o jogador Branco, que foi derrubado dentro da grande-área, tendo o juiz marcado penalidade máxima. Zico,
lesionado, resolveu bater o pênalti já que seus companheiros se recusaram. O pênalti foi defendido pelo goleiro Bats no tempo
normal de jogo, que acabou empatado em 1 a 1. Ele converteu sua cobrança na decisão por penalidades, mas a França venceu por
4 a 3. Michel Platini, pela França, e Sócrates e Júlio César, pelo Brasil, erraram suas cobranças.
Pela Seleção Pré-Olímpica,
Zico foi durante o torneio classificatorio para as Olímpiadas, um dos destaques da Seleção. Inclusive fez o gol da classificação,
porém foi de maneira suspeita cortado dos jogos.
Na Copa do Mundo de 1990, o técnico Sebastião Lazaroni, chegou a conversar
com Zico se o jogador não poderia repensar a sua decisão de não disputar a Copa. Com outros planos, o Galinho optou por não
jogar.
Quando Zico chegou na Udinese, seu futebol de craque e o exemplo de humildade e de simplicidade levaram
a redescobrir o charme discreto e a humanidade de Udine. Suas qualidades deram status e vida a uma cidade quieta e silenciosa
demais. Quem sintetizou de forma mais aprimorada a grande metamorfose operada por ele foi o jornalista italiano, do "Il Gazzettino
de Veneza", profissional encarregado de seguir os passos do Galinho, Luigi Maffei.
Para nós, friulanos, Zico tem o mesmo significado de um motor da Ferrari colocado dentro de um fusca.
Sentimo-nos os únicos no mundo a possuir um carro tão maravilhoso e absurdo.
Muito impressionante foi a repercussão da
contratação do craque pela Udinese: "ou Zico ou Áustria".
Foi uma manifestação iniciada pela torcida do Udinese e por grande parte da população da cidade,
em pé de guerra contra a realização dos dirigentes de Roma, que consideravam absurdo aprovar uma operação de quatro milhões
de dólares, a maior até então do futebol italiano, para a contratação de um jogador.
Era muito nítida a mensagem da torcida
e da população: sem Zico, eles preferiam voltar sob o domínio austríaco, situação que existiu no Friuli até 1866. Essa ameaça
separatista foi levada muito a sério pelo então presidente italiano, Sandro Pertini, que interveio a favor da contratação
de Zico.
Na sua chegada, duas mil pessoas o esperavam. Parecia quase um papa acenando para a multidão. O que poucos sabem
no Brasil, é que Zico marcou muitos (e belos) gols pela Udinese. Em uma temporada ficou apenas um gol atrás do artilheiro,
o francês Michel Platini (da Juventus), que havia jogado seis partidas a mais que o Galinho.
Em uma pesquisa realizada
(novembro de 2006) pelo jornal italiano La Repubblica, sobre os maiores jogadores brasileiros na Itália, Zico aparece em primeiro.
A pesquisa aponta os dez brasileiros que mais marcaram o futebol do país, são eles: Zico, Falcão, Kaká, Careca, Júnior, Ronaldo,
Cerezo, Aldair, Cafu e Emerson.
Zico retornou ao Flamengo em 1985, muito festejado pela torcida, mas, no mesmo ano, sua carreira
sofreu um duro golpe. Em uma partida contra o Bangu, o jogador Márcio Nunes cometeu uma falta desleal, entrando com os dois
pés no joelho direito de Zico. A jogada rompeu os ligamentos cruzados do joelho do jogador, que teve que se submeter a diversas
operações e, segundo ele, "aprender a andar de novo". Mais tarde disse não guardar mágoas do zagueiro.
De 1990 a 1991, durante o governo do presidente Fernando Collor, foi secretário Nacional de Esportes.
Em 1991, retornou ao futebol, para disputar o campeonato japonês. Seu retorno aos gramados, junto
com outros jogadores famosos já aposentados ou em vias de se aposentar é hoje apontado como uma das maiores razões da popularização
do futebol no Japão.
Em 1994, deixou definitivamente de atuar como futebolísta. No Japão ele atuou pelo Sumitomo Metals
e pelo clube originado deste, o atual Kashima Antlers, de 1991 a 1994.
O Galinho ganharia também uma bela estátua em sua
homenagem. Zico é muito reverenciado no Japão, e outra prova disso, é o apelido carinhoso "God Soccer" (Deus do Futebol) e
"Pelé Branco".
Apesar de ter sido várias vezes convidado a assumir cargos no Flamengo, Zico nunca aceitou. Especula-se
que isso se deva em grande parte aos rumos tomados pelas administrações do clube carioca, que desde a época de Zico vêm gradativamente
acumulando divídas e maus resultados. Já disse que nunca quer ser técnico do Flamengo para não manchar essa imagem maravilhosa
que tem com a torcida, pois como todos sabem, vida de treinador no Brasil é complicada.
A partir de Junho de 2002 exerceu o cargo de selecionador da seleção japonesa de futebol até 2006.
A seleção japonesa foi campeã da Copa da Ásia de 2004. E, apesar de ter sido a primeira classificada para a Copa do Mundo
de 2006 na Alemanha, foi eliminada na primeira fase. Afirmou que fez o melhor que pôde pela seleção japonesa e que não se
arrepende de nenhuma decisão que tomou.
Após a Copa foi contratado para treinar a equipe do Fenerbahçe, da Turquia. Conduziu a equipe às quartas-de-finais
da Liga dos Campeões da UEFA (2008-09), sendo esta a melhor participação do clube na principal competição européia de clubes.
Em 22 de Setembro de 2008, foi contratado para treinar a equipe Bunyodkor, do Uzbequistão, clube onde
joga atualmente o meio-campo Rivaldo, o zagueiro Luizão e o atacante Villanueva. O contrato terá a duração de um ano. Também
há a possibilidade de assumir o cargo de consultor da seleção uzbeque no final do ano. O treinador anterior do clube, Mirdjalol
Kasymov, assumiu a seleção do país.
Em 28 de setembro, no jogo de estréia, a equipe venceu por 2 a 0, com gols de Villanueva
e Kapadze, o Bukhara e passou a liderar o campeonato nacional uzbeque.
Em 22 de outubro, a equipe derrotou o Adelaide United
da Austrália por 1 a 0 com gol de Soliyev aos 30 minutos do segundo tempo, mas foi eliminado na semifinal da Liga dos Campeões
da Ásia. A partida anterior, em 8 de outubro, foi vencida pelos australianos por 3 a 0. Assim a equipe está fora do Mundial
de Clubes de 2008 da FIFA, em dezembro.
Em 31 de outubro, a equipe venceu por 3 a 1 (1 a 1 no tempo normal e 2 gols na
prorrogação) o Pakhtakor em Tashkent e sagrou-se campeã do Copa do Uzbequistão de 2008. A equipe ainda continua disputando
o Campeonato Uzbeque de Futebol de 2008 (Oliy League) e é seu atual líder com 7 pontos de vantagem para o 2º colocado, o mesmo
Pakhtakor.
Em 9 de janeiro de 2009 anunciou a troca do Bunyodkor pelo CSKA Moscou. Vai substituir Valery Gassaev
e deve estrear na fase decisiva da Copa da UEFA, contra o Aston Villa.
Zico anotou 826 gols em toda sua carreira; 516 gols em partidas oficiais (Primeira divisão, Seleção
Brasileira, copas nacionais e internacionais) e 310 em torneios não oficiais, Juvenil e amistosos.
Recordes
Aos 23 anos,zico já havía se tornado o maior Artilheiro da história do flamengo, com quase 300
gols.
Recorde de gols pelo Flamengo em uma só temporada - 49 gols - 1974
Recorde de gols pelo Flamengo em uma só temporada - 56 gols - 1976
Marcou 81 gols em 70 partidas com a camisa do Famengo - 1979
Artilheiro da temporada no Brasil - 59 gols - 1982
Recorde de gols em partidas seguidas no Campeonato Japonês - 11 gols em 10 jogos seguidos -
1992
Maior artilheiro de todos os tempos do Estádio Mário Filho (Maracanã)
Maior vencedor de todos os tempos do prêmio Bola de Prata/Bola de Ouro da Revista Placar.
Gol 500
Zico marcou o seu 500º gol em 15 de março de 1981, no jogo que o Brasil venceu a França por 3 a 1,
no Estádio Parc des Princes em Paris na França.
Despedidas do Futebol
Seleção Brasileira: "O fim de uma era"
A última vez do galinho com a amarelinha
aconteceu em 27 de março de 1989 num jogo entre a Seleção Brasileira e uma equipe representando o Resto do mundo. A equipe
do Resto do mundo venceu, por 2 a 1, o Brasil. O jogo foi realizado no Estádio Friuli em Udine na Itália com o público de
41.000 pessoas e o evento foi promovido pela comissão italiana da Copa do Mundo de 1990.
Flamengo: "O ensaio"
A despedida do maior ídolo e artilheiro da história do Flamengo
e do Maracanã é marcada, em 6 de janeiro de 1990, por um jogo em que o Flamengo e a Seleção de craques nacionais e internacionais
"World cup master" empataram em 2 a 2. O jogo foi realizado no seu palco principal, o Maracanã e teve um público de 150 mil
pessoas, sendo 90 mil pagantes.
Kashima Antlers: "O adeus definitivo"
Em 10 de outubro de 1994, "God Soccer" como
é conhecido por lá, despediu-se em definitivo do futebol japonês e mundial num evento promovido pelo clube Kashima Antlers,
num jogo em que enfrentou um combinado de estrangeiros que atuavam no futebol japonês. O jogo terminou empatado em 4 a 4 e
o público foi de 38 mil pessoas, capacidade máxima do estádio.
Curiosidades
- Existe uma banda na inglaterra chamada Zico. "Zico chain" é o nome da banda, que foi fundada em
2005 e ganhou repercussão na Europa em 2007, com o albun Food.
- Durante o seu curto, porém bem sucedido periodo na Itália, Zico foi muito aplaudido e teve por
várias vezes o seu nome gritado e cantado inclusíve pelas torcidas adversárias. Fato que ocorreu contra o Ascoli, Gênoa, Milan
e Catania. Contra o Ascoli, torcedores, repórteres e até o goleiro adversário o aplaudiram. Em Gênoa o estádio inteiro cantou
o seu nome e em catania os torcedores do time rival não só gritavam e cantavam o seu nome como também torciam por ele. Todas
as vezes que ele tocava na bola era ovacionado e quando surgia uma falta próximo a área eles clamavam para que Zico a cobrasse.
Ao terminar a partida, o jogador brasileiro Pedrinho foi indagado por um réporter: vocês poderiam ter vencido o jogo? E ele
respondeu: como poderíamos se até a nossa torcida estava torcendo pelo Zico!
- Zico foi o único Brasileiro, além de Pelé a ser o melhor jogador do mundo atuando por um clube
do Brasil, (Flamengo - 1981).